O teatro está em mim

O teatro é um espaço de liberdade. Um espaço onde se espelham realidades e irrealidades. Um espaço onde tudo o que trazemos dentro tem um foco de luz e esse foco transforma o invisível em visível. É através deste tornar visível o que é invisível que o teatro se relaciona com o público e vice-versa.

Amo o teatro por me permitir ser as múltiplas pessoas que sou e, com isso, inspirar quem assiste a viver-se nessa plenitude e, por vezes, nesse caos. Um caos vital para vivermos a sério em vez de nos escondermos nas rotinas e no que devemos fazer, estar ou ser.

Amo o teatro pela adrenalina da possibilidade de correr mal. Fala-se por vezes no teatro como a arte da repetição, já que é preciso ensaiar vezes sem conta para poder apresentar um espetáculo ao público. Mas, para mim, o teatro é a arte da irrepetição. Não é possível repetir um ensaio nem um espetáculo. Vivemo-nos em cada um. E como somos pessoas permanentemente diferentes, nenhuma vez é igual. E essa experiência fascina-me e lembra-me que a vida é diferente a cada segundo.

O teatro tem o poder de provocar, criar conforto e desconforto, fazer refletir, mudar padrões e rumos, construir pessoas mais criativas, críticas, livres e responsáveis. E sim, eu quero fazer parte desse palco e trazer para cima do palco uma, duas, três… Todas as pessoas do mundo, na medida em que sou essas pessoas e elas são eu.

Alio ao teatro a minha paixão pela escrita e co-crio textos para espetáculos teatrais. Esta junção parece amplificar as possibilidades. Ver outros atores e outras atrizes a interpretar os textos que escrevo, é ver outras pessoas nascerem e renascerem. É também ver-me a partir de outros olhos.

Partilho aqui o teatro. Partilho aqui a Andreia Félix. Partilho aqui cada uma das pessoas que sinto e que me sentem.

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